Já pensou como seria legal se o final daquele conto que você leu fosse do seu jeito? Ou se você contracenasse com seu personagem favorito? E com seu ídolo? Isso tudo é possível e depende só de duas coisas: imaginação e boa escrita.
Fanfic é a abreviatura do termo em inglês “Fan Fiction”, que em português significa nada menos do que ficção criada por fãs. Isso quer dizer que um leitor, espectador ou admirador de algum livro, seriado, filme ou até mesmo artistas, pode alterar histórias, personagens, tempo, espaço, ótica de narração de um texto original e criar outros idealizados por ele e tornar-se um autor de uma FanFic.
A partir daí, surgem textos dos mais diversos gêneros, desde romances com diversos protagonistas e vilões, crossovers (mistura de histórias diferentes – como Harry Potter e Senhor dos Anéis) e tantos outros.
Com apenas 11 anos, Sabrina foi quem deu o pontapé inicial para a turma. Leitora por natureza, a menina em meio a pesquisas sobre o fantástico mundo mágico de Harry Potter – que é sua saga preferida – se deparou com um número imenso de FanFics, começou a ler as histórias e gostou. Logo, veio a vontade de fazer parte daquilo, iniciou suas criações e já tem mais de 50 capítulos pulicados (com aproximadamente mil palavras cada um). É também coautora em outros tantos textos que fazem parte da página.
A empolgação de Sabrina foi inspiração para mais três colegas: Evandro, Nicolas e Raíssa, alunos dos sétimos anos do colégio.
Raíssa, 12 anos, foi a primeira incentivada e a que vem desenvolvendo os textos há pelo menos um ano. Para a garota, o mais interessante e o que a fez escrever foi a vontade de ver novos desfechos e histórias que tivessem o seu toque pessoal.
Nicolas ainda vai além das Fics. O menino de 12 anos, hoje, escreve poemas e possui um enredo próprio de ficção em fase de desenvolvimento que pretende, no futuro, lançar em livro.
Dos quatro amigos, Evandro foi o último a conhecer as Fanfics. Diretamente influenciado por Sabrina, via a amiga escrevendo durante os intervalos de aula e questionava o que, como e onde publicava e lia aquelas narrativas.
A professora de português, Mônica Maturino, que leciona a disciplina para os quatro, diz que se surpreendeu com a iniciativa literária dos alunos. Apesar de conhecer e reconhecer os resultados positivos deles em sala de aula, Mônica só soube dos projetos paralelos quando uma aluna comentou e apresentou os textos já divulgados no site Nyah!Fanfiction, local onde os quatro publicam alguns de seus textos.
‘Fiquei muito admirada pela iniciativa. Apesar de já ter oferecido propostas de escritura com alteração de ótica de narração em sala, durante as aulas, não imaginei que a atividade se estendesse para a internet. Ponto para a tecnologia! Através dela, é possível conectar-se a outras tantas pessoas, tornar o ato de escrever em algo mais lúdico e interessante com visibilidade imediata! E o que me surpreende é, além da facilidade e da desenvoltura com que eles mergulham neste universo da escrita e da leitura, o comprometimento que eles demonstram ter, ao administrar as próprias histórias e tornarem-se coautores de outras, de seguidores (adolescentes como eles) com quem só mantêm contato online para este fim. Os quatro pesquisam mais a fundo regras ortográficas e gramaticais para assessorar muitos destes outros jovens escritores. É claro que os erros aparecem. Natural na fase em que se encontram, pois ainda estão apropriando-se da língua culta, mas desde já, sinto-me agradecida e alimento muitas esperanças de uma geração mais leitora e criativa estar surgindo.”
Questionados sobre o futuro, todos dizem ter outras ambições como profissionais, como cursar arquitetura, moda e até mesmo medicina. Mas de uma coisa nenhum deles pretende abrir mão: o de sempre escrever, independente da carreira que escolherem.
Para conferir os textos é só clicar nos links a seguir ou procurar pelos usuários de cada um no site fanfiction.com.br :